quarta-feira, 20 de março de 2019

Clube Wine, categoria Refrescantes - Uma Retrospectiva para 2018

Assim que soube que o Clube Wine tinha uma nova categoria para vinhos brancos e rosés, não hesitei em experimentar a nova modalidade e assinei o plano para 2018. Chamado de Refrescantes, o serviço entrega dois vinhos por mês e tem o preço mais camarada das seis opções disponíveis.

Segue um breve resumo das garrafas que vieram em 2018, assim como algumas anotações rápidas de degustação.

Janeiro - Pajzos-Megyer (Hungria)
  → Ladiva Tokaj Hárslevelű 2015
  → Ladiva Tokaj Furmint 2016

Esta foi uma seleção especial, pois nunca havíamos provado vinho húngaro e nem conhecíamos essas duas variedades de uva. O Hárslevelű exibiu notas de abacaxi e mineral, acidez equivalente e um leve amargor no fim de boca. Já o Furmint tinha paladar que lembra uma mistura de frutas cítricas e maçã verde, leve e seco, ideal para acompanhar entradinhas e uma boa conversa. Foi o melhor dos dois.


Fevereiro - Vignobles Bonfils (França)
  → Clair de Cantaussels Sauvignon Blanc, Pays D'Oc IGP 2016
  → Clair de Cantaussels Rosé, Pays D'Oc IGP 2016  (Grenache, Cinsault)

Sauvignon Blanc de perfil mineral, com olfato que remete a limão e inclinação natural para harmonização com comida japonesa. O Rosé foi aberto para relaxarmos e esquecermos um pouco dos afazeres diários. De aromas frutados e paladar razoavelmente fresco, muito saboroso, o vinho superou as expectativas.


Março - Veramonte / Alto de Casablanca (Chile)
  → Cruz Andina Reserva Chardonnay, DO Valle de Casablanca 2017
  → Cruz Andina Reserva Sauvignon Blanc, DO Valle de Casablanca 2017

A alcunha de Reserva chama a atenção, mas estes são vinhos de custo-benefício típicos do terroir chileno popular, corretos porém sem maiores atrativos. Degustação descompromissada garantida, com comida japonesa, diversão de fim de noite e vida em família.


Abril - Bodegas del Medievo, Bodegas Virgen de La Sierra (Espanha)
  → Almaraz Viúra Chardonnay, DOCa Rioja 2016  (50% Viúra, 50% Chardonnay)
  → Lo Brujo Macabeo, DO Calatayud 2016

O Almaraz é um blend branco leve, cítrico e refrescante. Já o Lo Brujo exala um calor agradável sob a superfície frutada, também com um toque cítrico em sintonia com o paladar fresco.

Em tempo: Macabeo e Viúra são a mesma uva sob nomes diferentes.


Maio - Weingut Dr. Loosen (Alemanha)
  → Ernst Loosen Pfalz Edition Pinot Noir Rosé 2017
  → Ernst Loosen Pfalz Edition Pinot Gris 2017

Muito gostoso esse Pinot Noir Rosé, que surpreende com aromas envolventes e um paladar de leve mineralidade que remete a morangos. O Pinot Gris, por sua vez, é um bom vinho para acompanhar comida japonesa, fresco, mineral, com nuances de pêra e limão no olfato, em boca corpo leve para médio.


Junho - Mancura Wines / Viña Fray León (Chile)
  → Mancura Guardián Reserva Sauvignon Blanc 2017
  → Mancura Guardián Reserva Chardonnay 2017

Leve e cítrico, o Chardonnay foi aberto para refrescar a noite de Sábado, acompanhando bolinho de bacalhau e geleia de pimenta. O Sauvignon Blanc mostrou as esperadas nuances cítricas e de maracujá e goiaba, com mineralidade fresca que transparece graciosamente tanto no olfato quanto em boca.


Julho - Vignobles & Compagnie (França)
  → Petit Tracteur Blanc Côtes du Rhône AOC 2017  (50% Grenache Blanc, 20% Marsanne, 20% Roussanne, 10% Viognier)
  → Petit Tracteur Rosé Côtes du Rhône AOC 2017  (70% Grenache, 20% Cinsault, 10% Syrah)

O branco é um blend agradável de acidez suave, que traz à mente fruta cítrica, maçã verde e orvalho matinal. O Rosé é bastante aromático e de saborosa leveza em boca, ótimo para degustar sem compromisso.


Agosto - Viñas del Vero (Espanha)
  → Viñas del Vero Chardonnay, DO Somontano 2017
  → Viñas del Vero Pinot Noir Rosé, DO Somontano 2017

Um Chardonnay leve como uma pena, quase etéreo, com aromas também leves que lembram abacaxi. Daquelas garrafas muito equilibradas e sutis, que tendem a ir embora bem rápido. Já o Pinot Noir se mostrou um pouco rústico para um rosé, porém com boa acidez e um agradável toque mineral, que casou bem com um risoto.


Setembro - Marianne Wines (África do Sul)
  → Amara Chardonnay, WO Western Cape 2018
  → Amara Chenin Blanc, WO Western Cape 2018

Bons vinhos. Jovem e refrescante, o Chardonnay foi harmonizado em boa companhia com uma salada de endívias e salmão grelhado. Já o Chenin Blanc marcou pela ótima acidez, com olfato que prenuncia mineralidade.


Outubro - Fortant (França)
  → Maison Fortant Grenache Gris Pays D'Oc IGP 2017
  → Maison Fortant Rosé Coteaux Varoix en Provence AOC 2017  (55% Grenache, 30% Cinsault, 15% Syrah)

Seleção exclusiva de rosés. O Grenache Gris, pálido, apresentou aromas tímidos porém paladar incisivo, seco e mineral, com final um pouco amargo além da conta para o meu gosto. O blend desta AOC da qual eu nada conhecia foi mais harmonioso, com aromas frutados e mineralidade equilibrada.


Novembro - Viña Undurraga (Chile)
  → Cauquenes Estate Gran Reserva Sauvignon Blanc, DO Valle de Leyda 2017
  → Cauquenes Estate Gran Reserva Viognier-Roussanne, DO Valle del Maule 2017

Sauvignon Blanc de acidez marcante, muito cítrico em aromas e no paladar, limão e maracujá bastante presentes. Foi o oposto do blend de Viognier/Roussanne, marcado por acidez suave e leve mineralidade, bons aromas de lima e flores silvestres.


Dezembro - Cellers Unió e La Casa de Las Vides (Espanha)
  → Mas dels Mets Garnacha Blanca, DO Terra Alta 2017
  → Barranc del Rei Blanco, DOP Valencia 2017 (Chardonnay, Moscato, Sauvignon Blanc, Verdejo)

O Barranc del Rei é bem saboroso. A casta que mais se sobressai é com certeza a Moscato e seus aromas florais, frescos, que em boca resultam um sensação suave graças à combinação com as outras uvas. Ainda não provamos o Mas dels Mets.


Em geral

Algo costumeiro em se tratando dos vinhos do clube Wine, nota-se uma presença muito grande de exemplares chilenos, a maioria deles fabricados/rotulados exclusivamente para o Brasil (não é encontrada nenhuma informação sobre os mesmos nos sites das vinícolas). Eu particularmente não gosto disso, a impressão que dá é que estamos recebendo subprodutos, principalmente quando as garrafas carregam a palavra Reserva mas não entregam nada que vá além de vinhos jovens de entrada.

Na minha mente um Chardonnay Reserva, por exemplo, deveria vir com no mínimo algum afinamento do vinho por alguns meses em barricas de carvalho. Infelizmente, em matéria de regulamentação o Chile ainda está longe de ser uma Espanha.

Como admirador dos vinhos do velho mundo, senti falta também de exemplares italianos e portugueses, países riquíssimos em castas autóctones e que poderiam abrilhantar muito a categoria dos Refrescantes. Fica a esperança que eles venham a aparecer nas seleções de 2019, pois por pura desatenção eu acabei permitindo que o plano fosse renovado.

Um forte abraço a todos os amigos enófilos!