terça-feira, 29 de novembro de 2016

Casarena, Lauren's Single Vineyard Agrelo Petit Verdot, Mendoza 2012 (Argentina)

Vinho: Lauren's (Single) Vineyard Agrelo Petit Verdot
Safra: 2012
Região: Mendoza
País: Argentina
Vinícola: Casarena Bodega y Viñedos (http://www.casarena.com)


Uma das garrafas que se sobressaiu nas minhas últimas degustações foi novamente um exemplar que trouxemos conosco de nossa viagem à Argentina.

Essa foi também a primeira oportunidade que tive de provar um varietal 100% feito com a casta Petit Verdot, que possui cor intensa e costuma ser considerada bem tânica. Ela floresce mais cedo na primavera e amadurece bem mais tarde que as variedades tintas mais comuns, o que torna seu cultivo bastante delicado em regiões mais frias. Não fosse por sua capacidade de resistir às doenças e à podridão (casca espessa e fruto pequeno) ela já teria desaparecido no velho mundo.

É pelo motivo acima que a vinificação varietal da Petit Verdot é mais frequente em regiões onde é possível colhê-la em condições ideais de maturação, ou seja, nos terroirs de clima mais quente e seco. Em locais frios ela é normalmente empregada para aportar estrutura em cortes bordaleses.


Casarena Bodega y Viñedos

A Casarena Bodega y Viñedos foi a primeira vinícola que minha esposa e eu visitamos durante nossa viagem a Mendoza, e por experiência própria atesto a boa recepção que tivemos, a agradável degustação realizada na sala de vendas e a qualidade do passeio por suas instalações, que incluiu provas de vinhos em estágios distintos de elaboração.

A vinícola iniciou suas atividades em 2008, após a restauração de uma instalação centenária localizada em Luján de Cuyo, na região metropolitana de Mendoza. As plantações se situam numa altitude de quase 1.000 metros, distribuindo-se em quatro vinhedos/fincas cujos nomes aparecem nas garrafas da linha Single Vineyard. A finca Jamilla, onde está a sede, situa-se no distrito de Perdriel, sendo as demais localizadas mais ao sul, no distrito de Agrelo (Naoki, Lauren e Owen).

Atualmente a capacidade de produção da Casarena é de 650.000 litros utilizando tanques de concreto e 175.000 litros em tanques de aço inox. Em suas instalações há ainda uma cave capaz de abrigar 400 barris de carvalho destinados à parte final do processo de maturação dos vinhos antes deles irem ao mercado.


A linha Single Vineyard

Esta linha aposta na qualidade dos terroirs de Perdriel e Agrelo para a produção de varietais que tentam transmitir a máxima expressão das cepas escolhidas. A arte dos rótulos é peculiar por mostrar de maneira estilizada a localização de cada lote dos vinhedos de onde provêm as uvas, criando uma identidade visual muito bacana.

A Casarena produz também a linha DNA, que traz varietais feitos a partir das melhores parcelas de todas as fincas que dão origem ao Single Vineyard. E há ainda a garrafa Icono, blend dos melhores barris de onde saem os exemplares DNA.

Fonte das uvas que dão origem a este excelente Petit Verdot, o vinhedo Lauren conta com 82 hectares plantados em 2007 sobre solo argiloso, a uma altitude de 925 metros. É a finca da Casarena com maior número de variedades viníferas plantadas.


O vinho degustado: Lauren's (Single) Vineyard Agrelo Petit Verdot, Mendoza 2012

No nariz o vinho mostrou muita fruta vermelha tendendo para o maduro, como amoras e groselha. Groselha também foi o que mais apareceu no paladar de ótima acidez, com aquela fugidia sensação de fruta azedinha em meio a leve especiaria.

O aspecto mais interessante que notei nesse Petit Verdot foi que o carvalho francês dos 18 meses em barricas desaparece em meio ao fim de boca aveludado e equilibrado. O vinho tem bom corpo (médio +), mas não há absolutamente nada que remeta ao peso dos sucos de madeira que costuma estar associado aos vinhos mais alcoolicos do novo mundo, o que é simplesmente fantástico e me faz ter certeza de que eu estava degustando uma ótima garrafa. Para o meu paladar, pelo menos.

Depois dessa primeira experiência, se eu tivesse que comparar a Petit Verdot com outras castas que conheço melhor eu a colocaria entre a Merlot a Syrah (cor e corpo), com um leque de sensações similares àquelas suscitadas por um bom italiano de média estirpe. Agora para enriquecer ou mudar essa opinião só na próxima garrafa.

Detalhe: apesar das recomendações de decantar/aerar por algum tempo antes de provar, informo que não o fiz. O vinho estava redondinho ao ser aberto e foi direto à taça. Maravilha!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Gugu Dadá

No mês passado foram várias as vezes em que abri um vinho em comemoração a alguma coisa relacionada à rotina da minha filha recém-nascida. Levantei inúmeras taças em brinde aos primeiros dias em que passamos juntos, tanto sozinho com meus pensamentos quanto na presença de familiares que compartilharam essa alegria com ela, com mamãe e com papai.

Foi meio sem querer que me dei conta, certo dia, de que uma dupla especial de garrafas remetia com certo humor ao fato de estarmos na companhia da minha bebê na maior parte do tempo.


Aproveitando o ensejo, compartilho agora opiniões rápidas e rasteiras do que aprendi com essa inusitada dupla. As circunstâncias de ambas as “degustações” não poderiam ser mais distintas, mas todos nós sabemos que onde há vinho sempre haverá alegria, seja na atividade ou na contemplação, no calor ou no frio, na solidão ou na companhia de amigos.


O Gugu Toscana Rosso IGT 2013 é produzido pela Fattoria La Casaccia, vinícola localizada na comunidade de Castelnuovo Berardenga, no coração da região de Chianti. Recebi a garrafa numa das seleções da categoria Liberté do clube Vinhos de Bicicleta. O blend é composto por 85% de Sangiovese e 15% de Merlot, e após a fermentação é envelhecido 6 meses em tanques de cimento e 3 meses em garrafa antes de ir ao mercado. Possui bom olfato frutado para um caldo ainda jovem, que se mostra um pouco verde em boca mas evoluiu bem na taça degustada fora de casa.

Lembro que no dia em que abri o vinho eu estava finalmente tentando consertar o aspirador de pó, que se recusava a funcionar já há mais de uma semana. Entre uma peça e outra desmontada e um teste e outro com o multímetro eu tomava um gole para me refrescar do calor. No meio do caminho cheguei a derrubar uma taça por acidente, mas juro que não estava afetado pelo álcool. Já o aspirador, infelizmente, estava além de qualquer conserto.


A linha de vinhos Dadá da Finca Las Moras é produzida nas pradarias de San Juan, um pouco mais ao norte de Mendoza, e possui a proposta de apresentar qualidade a preços que cabem perfeitamente no bolso (pelo menos lá na Argentina). São sete os vinhos que compõem a linha, sendo que comecei a degustá-la pelo primeiro, o Dadá Art Wine 1, safra 2015. Corte de Malbec e Bonarda em quantidades iguais, o vinho não se mostrou muito expressivo nos aromas, apresentando textura leve de xarope em meio a muito carvalho. Pelo menos posso dizer que não fez feio numa noite de Sábado bem aproveitada em família, já que a garrafa foi embora num tapa enquanto beliscávamos uma tábua de queijos e jogávamos alguns rounds de Super Street Fighter Turbo HD Remix no Xbox 360.


Minha bebê ainda não fala nem gugu e nem dadá, mas fica aqui um brinde amoroso à sua saúde, hoje e para sempre!