quarta-feira, 22 de julho de 2020

Clube Wine, categoria Refrescantes - Uma Retrospectiva para 2019

Antes tarde do que nunca!

Para manter o padrão deste inconstante e quase abandonado blogue, venho por meio desta fazer uma atrasada porém rápida retrospectiva sobre o clube de vinhos ao qual aderi durante o ano de 2019. Como todos os leitores provavelmente não devem se lembrar, acabei renovando por esquecimento o Clube Wine na categoria dos "Refrescantes", a.k.a. exclusivo com vinhos brancos e rosés.

Sem mais delongas, vamos às rasas observações.

Janeiro - Antigal Winery & Estates (Argentina)
  → Uno Sauvignon Blanc 2018
  → Uno Chardonnay 2018

Ambos vinhos razoáveis, fieis às castas usadas e com bom nível de frescor . O Chardonnay, no entanto, foi o que mais se sobressaiu em matéria de sutileza em boca. Eu poderia jurar por um momento que ele teria até tido algum contato com carvalho devido aos traços de coco em meio ao abacaxi.


Fevereiro - Fantinel (Itália)
  → Fantinel Selezione di Famiglia Friulano, Friuli DOC 2017
  → Fantinel Selezione di Famiglia Ribolla Gialla, Trevenezie IGT 2017

Velha parceira do clubeW, a Fantinel entregou nesta seleção dois vinhos com uvas muito incomuns aqui no Brasil. Foi aqui, por exemplo, que tomei contato com a variedade Friulano. Minha impressão para ela foi a de um vinho de olfato fechado, porém com paladar suavemente floral, de acidez comedida e corpo bem leve. Já a Ribolla Gialla mostrou além da leveza uma textura delicada e acidez média.


Foi interessante ver a identificação de região de IGT Trevenezie para o Ribolla Gialla. Trata-se da nova designação para a antiga indicação geográfica típica delle Venezie, que está vigente desde 2017 depois que a IGT delle Venezie foi transferida para a nova DOP Venezia. As "três Venezas" ou o "trivêneto" são as subregiões de Venezia Euganea, Venezia Giulia e Venezia Tridentina, que equivalem às modernas áreas do Vêneto, Friuli-Venezia Giulia e Trentino-Alto Adige. Obviamente, as regras de vinificação para a IGT Trevenezie são mais brandas que as regras da nova DOP, com rendimentos menores e sem requerimentos de envelhecimento em barrica (fonte: wine-searcher; confira também este link para mais informação).

Março - Laborie Wines (África do Sul)
  → Laborie Sauvignon Blanc, WO Western Cape 2018
  → Laborie Chardonnay, WO Western Cape 2018

Ambos vinhos jovens e muito bem feitos. O Chardonnay se mostrou mais cítrico e ácido que o normal para a casta, e isso com um leve toque de madeira devido à passagem de parte do vinho por barrica. Quanto ao Sauvignon Blanc a percepção foi de lima, limão e traços bastante minerais. 


Abril - Quinta & Casa das Hortas (Portugal)
  → Portal das Hortas Baião Avesso e Arinto, Vinho Verde DOC 2017
  → Portal das Hortas Escolha Avesso e Alvarinho, Vinho Verde DOC

Exemplares aparentemente muito similares. O Avesso/Arinto se mostrou mais interessante, com boa acidez e tipicidade. O outro vinho foi somente correto, já que carecia da acidez esperada quando falamos em autênticos Vinhos Verdes. Seria o fato dele ser não safrado um sinal? Não creio, pois há bons Vinhos Verdes não safrados disponíveis mercado afora.


  → Torroxal Albariño, DO Rías Baixas 2018
  → Rantamplán Vendimia Nocturna Verdejo, DO Rueda 2018

Com um agradável leque de notas frutadas e minerais, além de leve cremosidade e acidez, o Torroxal foi muito bem como acompanhamento para comida japonesa e Netflix. Enquanto isso, o que o Rantamplán tinha de melhor era a etiqueta bem-humorada, já que o vinho se mostrou bem normal, com características comuns e acidez média-baixa.


Junho - Viña Cremaschi Furlotti (Chile)
  → Antuco Reserva Chardonnay, DO Valle Central 2018
  → Antuco Gran Reserva Chardonnay, DO Valle del Maule 2017

A versão Reserva estava bem refrescante e cítrica, com fim de boca que me lembrou casca de limão. No Gran Reserva o carvalho integrado aportou nuances interessantes em boca, porém o vinho pecou por um final de amargor muito intenso pro meu gosto.


Julho - Parras Wines (Portugal)
  → Cavalo Bravo Private Selection Branco, VR Tejo 2017
  → Casas Brancas Selection Branco, VR Alentejano 2018

Cavalo Bravo: olfato fresco e convidativo, porém seguido por um paladar meio aguado.
Facilmente subestimável, o Casas Brancas foi na verdade o melhor vinho da seleção anual. Muito aromático, com vívidas nuances florais e frutadas que lembram pêssego e lichia, seguidas por paladar leve e suavemente mineral. Surpreendente, para dizer o mínimo.


Agosto - Vignobles Latorse (França)
  → Enclos du Wine Hunter Blanc, Bordeaux AOC 2018
  → Enclos du Wine Hunter Rosé, Bordeaux AOC 2018

No projeto que os winehunters do clube conduziram em conjunto com a vinícola, estes foram os exemplares dedicados à categoria dos refrescantes. Ambos vinhos corretos, o rosé estava fresco e frutado, enquanto o branco exibiu boa acidez com uma sensação geral de limão. Foi bem como vinho de relaxamento ao final do dia. 


Setembro - Kinast Family Wines (Chile)
  → K Barrel Reserva Sauvignon Blanc, DO Valle de Lontué 2018
  → K Barrel Reserva Chardonnay, DO Valle de Lontué 2018

Eu esperava um vinho um pouco mais maduro no caso do Chardonnay, que estava agradável mas mostrou textura cítrica muito jovem seguida por persistência de leve amargor. Já o Sauvignon Blanc foi embora bem rápido graças ao paladar atrativo e à grande mineralidade.


Outubro - Bodegas Casado Morales (Espanha)
  → Alonso López Blanco, DOCa Rioja 2018
  → Alonso López Rosé, DOCa Rioja 2018

A versão rosé, com mineral e frutado delicioso, sólida acidez e bela coloração, foi uma agradável surpresa no fim de semana. O branco exibiu perfil de fruta cítrica com ótimo frescor, corpo bem leve e acidez média.


Novembro - Chateau Souverain (Estados Unidos)
  → Chateau Souverain Rosé 2017
  → Chateau Souverain Sauvignon Blanc 2018

Limão e uma pitada de fruta cítrica amarga dominam o paladar do Sauvignon Blanc, e no olfato o vinho é tímido porém fresco o suficiente para abrir os sentidos. O rosé estava bom, com mineralidade em evidência e leves traços frutados que remetem a framboesa e tutti-frutti.


Dezembro - Viña Undurraga (Chile)
  → Finca Las Lomas Sauvignon Blanc, DO Valle de San Antonio 2019
  → Finca Las Lomas Sauvignon Gris, DO Valle de Leyda 2019

Difícil traçar uma linha divisória entre as duas variedades desta seleção. O Sauvignon Gris soou como um Sauvignon Blanc, porém com um fim de boca de suave amargor; de resto um vinho com olfato fresco, paladar mineral, cítrico e de alta acidez. O Sauvignon Blanc também se mostrou mineral e cítrico, porém delicado e com acidez na medida. A garrafa foi embora num tapa!


Mesmo com a constante presença de rótulos fabricados, o clubeW refrescantes continua sendo uma boa opção para ter alternativas variadas de vinhos brancos em casa, assim como alguns rosés. Afinal, são bebidas versáteis que combinam muito bem com qualquer ocasião.

Após dois anos associado a esta categoria do clubeW, tomei a decisão de abandonar a assinatura após a seleção de Dezembro. Resolvi não me associar a nenhum outro clube depois disso, mas quem sabe volto algum dia.

Saúde e até a próxima!