Para todos os que gostam de vinho é fascinante ler e se informar sobre esse universo, mas a verdade maior é que para aprender de fato sobre vinhos é preciso bebê-los. E quanto mais bebemos e degustamos, mais aumenta nossa quilometragem enófila.
Vira e mexe é bom analisarmos o que aprendemos nos últimos tempos, e para quais novas preferências ou velhas constatações apontam nossas experiências. Está aí um exercício que vale a pena fazer, mesmo que seja virtualmente impossível abraçar todos os vinhos produzidos no mundo (para isso teríamos que ganhar na Mega Sena, parar de trabalhar e viver viajando, em degustações diárias no café da manhã, no almoço e no jantar).
Já pensou em uma mesa como essa em cada refeição?
Crédito: @andrew_wilcocks (Twitter)
Crédito: @andrew_wilcocks (Twitter)
Afinal, a quantas anda nossa quilometragem enófila?
• Vinhos do velho mundo são melhores que vinhos do novo mundo. Por quê? Em sua grande maioria eles são mais harmoniosos, elegantes e saborosos. Simples assim.
• O país que entrega os vinhos mais consistentes é, sem dúvida, Portugal. Seja nas garrafas mais singelas ou nos maiores ícones, os vinhos portugueses raramente decepcionam.
• Devido às grandes distâncias que precisam viajar para chegar até nós brasileiros, os vinhos do velho mundo se degradam mais rápido que os demais. Sempre, SEMPRE devemos procurar a safra mais recente deles, fugindo das promoções e desovas de safras antigas, principalmente em supermercados.
• Novamente, os vinhos mais resistentes às grandes viagens são os portugueses. Seria algo relacionado à logística lusitana ou seria influência de suas robustas castas autóctones?
Garantia de coisa boa, ora pois pois!
• Vinho branco NUNCA será considerado bebida "digna de homem" nesse país. Em discussões ou reuniões de clube do Bolinha nem adianta tentar empurrar vinho branco. Vinho rosé então...
• Falando em brancos, a Viognier é uma casta fantástica e deveria ser melhor conhecida por todos.
• Tenho desenvolvido uma simpatia cada vez maior pela Merlot, que parece ser de fato o meio-termo mais seguro no mundo dos tintos.
• A melhor finalidade da Malbec são os rosés feitos da partir dela.
• Carvalho continua superestimado.
• Já os Beaujolais nunca vão entrar nas faixas de preço às quais verdadeiramente pertencem.
• Dito isso, é abominável a safadeza com que certas distribuidoras/vinícolas usam o marketing para inflacionar os preços de seus vinhos.
Se é caro é bom, se é barato não presta
Uma dica interessante de leitura: How a Wine's Price Tag Affects Its Taste
Uma dica interessante de leitura: How a Wine's Price Tag Affects Its Taste
• Está ficando cada vez mais difícil escolher vinhos nas cartas dos restaurantes. Primeiro, porque é sempre mais do mesmo. Segundo, porque querem cobrar preços cada vez maiores por mais do mesmo.
• Rolha livre ou taxa de rolha simbólica é vida.
• Comprar vinhos pela Internet é melhor que comprar em supermercados ou lojas especializadas, seja por diversidade ou por preço.
• Clubes de vinho são alternativas que ainda valem a pena se você não quiser gastar muito.
• Arriscar faz parte e é sempre bom tentar conhecer aquele rótulo mais inusitado, mesmo que no final o resultado seja decepção.
• Felizes são os enófilos que participam de confrarias com gente animada e apaixonada por vinho.
• A não ser que seja para meu próprio consumo, há muito tempo desisti de ser aquele que traz a garrafa e as taças à mesa em qualquer encontro de família ou amigos.
• Para situações de confraternização com pessoas avessas à cultura do vinho procuro manter sempre algumas garrafas bem baratas na adega.
• Em contrapartida, na ocasião em que é possível beber festivamente com amigos é natural que o grau de satisfação com qualquer vinho aumente.
Acho que por hoje está bom.
Volto ao tema daqui a três anos, se eu ainda estiver por aqui. Nesse meio tempo sintam-se à vontade para adicionar suas constatações ou contestações às minhas constatações.
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