Vinho: Woodbridge Pinot Noir
Safra: 2012
Região: California (Lodi)
País: EUA
Vinícola: Woodbridge Winery (http://www.woodbridgewines.com)
Um pouco de história
A Woodbridge Winery teve sua origem no final da década de 70, por iniciativa de um dos grandes nomes da história vitivinícola norteamericana e mundial, um sujeito visionário chamado Robert Mondavi.
Dada a importância de Mondavi para o mundo do vinho, é praticamente impossível falar dos vinhos Woodbridge sem considerar também seus outros empreendimentos, como a primeira vinícola que ele estabeleceu em Napa Valley. Na época da fundação da Woodbridge, Mondavi já trabalhava e desfrutava de excelente reputação com a Robert Mondavi Winery, que curiosamente surgiu a partir de uma terrível briga familiar. Foi na vinícola que leva seu nome, por exemplo, que ele criou e popularizou os vinhos Fumé Blanc feitos a partir de Sauvignon Blanc com passagem por madeira. O sucesso foi tanto que até hoje algumas pessoas acreditam que Fumé Blanc seja uma variedade distinta de uva branca.
Disposto a ampliar sua influência e diversificar suas atividades, Mondavi iniciou dois empreendimentos absolutamente distintos em 1979. No mais nobre deles, estabeleceu uma joint venture com o grupo francês Château Mouton Rothschild em plena Napa Valley. Mais tarde batizado de Opus One, o arrojado projeto foi o primeiro a vender um vinho de categoria premium nos Estados Unidos – um blend que leva o nome da vinícola e tem a Cabernet Sauvignon como principal componente, e que veio a se tornar um ícone caríssimo com o passar dos anos.
O outro empreendimento iniciado por Robert Mondavi em 1979 foi exatamente a fundação da Woodbridge Winery, que tinha como objetivo a produção de vinhos de qualidade destinados ao consumo do dia-a-dia (leia-se: mais baratos e acessíveis). Localizada na região de Lodi, que também é uma AVA, a vinícola era originalmente uma cooperativa de produtores que foi rebatizada com o nome da cidadezinha mais próxima.
Mesmo sem contar com a reputação de suas irmãs mais badaladas, nas décadas seguintes a Woodbridge se tornou muito conhecida devido à grande visibilidade junto à população em geral e à presença nas garrafas do chamativo complemento “by Robert Mondavi”.
A Woodbridge Winery hoje
Pode ser que em outros tempos Mondavi tenha tido certa influência na vinificação dos vinhos Woodbridge. Hoje em dia, no entanto, a realidade é muito mais comercial e menos glamorosa. Após se tornar uma companhia de capital aberto nos anos 90, o grupo Mondavi cresceu e estabeleceu parcerias em várias partes do mundo. Porém, num ambiente constantemente marcado por disputas familiares, em determinado momento o homem chegou a se declarar descontente com o foco que seus filhos davam à linha Woodbridge, que apesar de responder por mais da metade do faturamento das empresas teria colocado os vinhos de mais alta gama do grupo em segundo plano, arranhando sua imagem.
A celeuma continuou, e infelizmente as empresas de Mondavi acabaram sendo arrebatadas pela gigante Constellation Brands em 2004. Apesar de prosseguirem debaixo do mesmo grupo e operarem com certa independência, as vinícolas já não tinham membros da família envolvidos no negócio, e desde então carregam o nome Mondavi puramente por herança comercial.
Mondavi após Constellation Brands
E o que foi feito da família após a venda do grupo Mondavi?
Praticamente todos os membros, incluindo o patriarca, se uniram num novo empreendimento chamado Continuum Estate, localizado em outra sub-região de Napa Valley. Mondavi faleceu em 2008 aos 94 anos, mas seus filhos e netos seguem trabalhando em Continuum Estate para produzir um único vinho que tenta seguir o molde de excelência criado com o Opus One.
Os vinhos da Woodbridge
Existem duas categorias de vinhos produzidos pela Woodbridge Winery.
O Woodbridge by Robert Mondavi é distribuído em todo o mundo, sendo facilmente encontrado em lojas e supermercados. A linha engloba exemplares aparentemente varietais das cepas mais conhecidas. Digo “aparentemente” porque a composição de muitos destes vinhos, apesar de trazer somente um tipo de uva no rótulo, leva parcelas menores de outras cepas. Todos saem com a denominação genérica California, uma vez que são feitos a partir de uvas provenientes de diferentes produtores.
A segunda categoria, denominada Winemaker’s Selection, compreende uma gama de vinhos mais elaborados, que carregam no rótulo a AVA Lodi e incluem variações interessantes feitas a partir de castas autóctones italianas e portuguesas, além do já mencionado Fumé Blanc. O motivo de não podermos encontrar estes vinhos em lojas brasileiras é que eles são vendidos somente na própria vinícola ou distribuídos em seu clube exclusivo, chamado Heritage Wine Club.
O vinho degustado: Woodbridge Pinot Noir, California 2012
Aromas de cereja e frutas azedinhas, seguido por paladar de corpo leve, marcado por sutil presença de carvalho contra estrutura de pouco tanino, o que termina por prover maciez moderada ao vinho.
Esse exemplar da linha Woodbridge é correto, e cumpre o que promete desde que não se crie grandes expectativas. Está longe de ser um vinho ruim ou desequilibrado, mas fica a dúvida de até onde ele pode ser considerado um Pinot Noir puro. Os dados da vinícola dizem que na composição entram também Syrah (11%), Tempranillo (2%), Cinsault (2%), Tannat (2%), Alicante Bouschet (2%) e mais 2% de um blend proprietário de varietais tintos. O percentual de Pinot Noir é de 79%.
O vinho foi harmonizado com paleta de cordeiro acompanhada de arroz, batatas e
brócolis, tendo sido escolhido para participação no segundo evento da confraria virtual Viva o Vinho.
Saúde!
Referências de pesquisa para este texto:
http://www.woodbridgewines.com/Inside-Woodbridge/winemaking.php
http://www.woodbridgewines.com/Inside-Woodbridge/mondavi-history.php
http://en.wikipedia.org/wiki/Robert_Mondavi
http://en.wikipedia.org/wiki/Opus_One_Winery
http://www.nytimes.com/2003/07/02/dining/wine-talk-with-head-held-high-mondavi-at-90-faces-a-storm.html
http://www.decanter.com/wine-news/colossus-robert-mondavi-dies-82224
Por favor o q vc me diz da safra de 2013 ??
ResponderExcluirOlá, kaká.
ExcluirNão provei o 2013, mas levando em consideração que toda a região da Califórnia foi beneficiada por boas condições climáticas no período (melhores que 2012), seria natural assumir que em geral os vinhos de 2013 são levemente mais frutados e encorpados que os 2012.