Safra: 2011
Região: Campos de Cima da Serra
País: Brasil
Vinícola: Miolo Wine Group (http://www.miolo.com.br)
Apesar de minha experiência com a casta ser pífia, as poucas oportunidades que tive de experimentar a Gewürztraminer foram bem agradáveis. Confesso que tinha poucas expectativas com relação à garrafa desta postagem, muito em parte devido à safra já um pouco avançada e à prova não tão empolgante do RAR Collezione Viognier que veio no mesmo pacote.
Mas eu estava enganado.
Como é bom quando nossas expectativas são quebradas da melhor forma possível, não é mesmo?
Um Pouco de História
Apesar de sua impressionante presença de mercado, a Miolo foi fundada há relativamente pouco tempo, tendo iniciado suas atividades no início dos anos 90. A herança do patriarca italiano Giuseppe Miolo foi além do nome da vinícola, que se expandiu nos anos seguintes a atualmente conta com cerca de 40% de market share no mercado nacional de vinhos finos.
A Miolo Wine Group de hoje no Brasil e no mundo (fonte: site da vinícola)
Durante seu plano de expansão, a Miolo adquiriu outras vinícolas e estabeleceu várias parcerias nacionais e internacionais. Em 2006 a empresa passou a ser chamada de Miolo Wine Group, e em 2009, por exemplo, anunciou a compra da Vinícola Almadén, passando a atuar num segmento de mercado em que ainda não participava.
A sede da vinícola fica no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, e possui uma estrutura de enoturismo que conta com sala de degustação, visitação às caves e aos parreirais e cursos de degustação. Para muitos é uma visita obrigatória se você estiver conhecendo a região. Eu já estive lá, e você?
Campos de Cima da Serra
Campos de Cima da Serra é uma das regiões produtoras de uvas mais frias e elevadas do Brasil, com 1.000 metros de altitude. O clima é temperado frio, de verões amenos, com temperatura máxima média de 25°C e mínima média de 15°C. No inverno, mais frio pela altitude, a temperatura máxima está em torno de 16°C e a mínima em torno de 7°C, sendo comum a ocorrência de geadas e até mesmo neve.
A aliança da Miolo com o empresário Raul Anselmo Randon resultou na produção dos vinhos RAR, cujas uvas são plantadas em Campos de Cima da Serra e todos os anos seguem para a sede da vinícola, no Vale dos Vinhedos, onde os vinhos são elaborados.
O vinho degustado: RAR Collezione Gewürztraminer, Campos de Cima da Serra 2011
Como informado no contrarrótulo, as uvas que foram usadas na elaboração deste vinho estavam parcialmente atacadas pelo fungo Botrytis cinerea, responsável pela chamada podridão nobre (o fungo seca a uva e extrai a umidade de dentro dela, concentrando em seu interior os açúcares). A ficha de informação do vinho aponta um percentual de 20% de uvas com podridão nobre.
Além do fator acima, o dulçor que se percebe em boca é devido também à interrupção da fermentação alcoolica por intermédio da redução brusca da temperatura, o que preservou o açúcar residual do vinho e lhe deu a característica de demi-seco. Não houve envelhecimento em carvalho, somente em tanques de aço inox por um período de um ano.
Levamos o vinho conosco em noite de rolha livre no restaurante Taberna Portuguesa. Ao ser aberto, exalou aromas frutados e uma leve pegada mineral, muito agradável. A cor era límpida, e não correspondeu nem um pouco ao que eu esperava de um vinho branco de mais idade, um indicativo de que a garrafa poderia ter tranquilamente permanecido na adega por mais algum tempo.
Decidi harmonizá-lo por contraste com a lagosta à pescadora, que leva na receita molho de limão, manteiga e pimentão (depois de uma fantástica porção de rã ao olho e óleo). A presença redonda e equilibrada em boca casou muito bem com ambos os pratos, especialmente o principal, e o dulçor praticamente desapareceu em meio à textura da lagosta.
Vinho muito bom, realmente um espetáculo em se tratando de um branco demi-seco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário