sábado, 19 de março de 2016

Vigneti del Vulture, Pipoli Aglianico del Vulture DOC, Basilicata 2013 (Itália)

Vinho: Pipoli Aglianico del Vulture DOC
Safra: 2013
Região: Basilicata
País: Itália
Vinícola: Vigneti del Vulture (http://www.farnesevini.it/vigneti_del_vulture_azienda)


Ainda me lembro bem de quando provamos um vinho feito da uva Aglianico. Foi em nossas férias de 2013, mais precisamente numa noite fria e aconchegante em nossa passagem pela cidade de Gênova (foto mais abaixo). Na época eu não entendia coisa nenhuma de vinho, mas a impressão que ficou é que havíamos tido um fantástico jantar, com ótima comida e ótimo vinho.

A Aglianico é uma uva tinta nativa da região sul da Itália, e segundo fontes online ela é notória por produzir vinhos encorpados que tendem a exibir aromas de frutas maduras e almiscaradas, com taninos firmes e bom potencial de envelhecimento. Mesmo quando cultivada em climas quentes a Aglianico seria capaz de atingir altos níveis de acidez, o que faz dela uma variedade perfeita para vinificação nas regiões mediterrâneas.

 I Feudi di Villanova, Aglianico Campania IGT 2010 (Itália)
Degustado em 8 de Outubro de 2013 num aconchegante restaurante em Gênova

Como a Aglianico aparece nos vinhos italianos

A presença mais marcante desta uva está nas regiões de Campania e Basilicata. Em ambas a Aglianico pode aparecer como varietal ou em blends tintos IGT/IGP que levam também variedades internacionais como a Merlot e a Cabernet Sauvignon, mas o interessante mesmo é ir atrás das categorias mais nobres feitas a partir desta casta.

A base da DOC Aglianico del Vulture são as vinhas cultivadas ao redor do Monte Vulture, um vulcão extinto que domina a paisagem e o horizonte ao norte de Basilicata. Para ter direito à denominação de origem os vinhos têm que ficar um ano na bodega após a colheita, não podendo ser colocados no mercado antes de 1º de Novembro do ano seguinte ao ano em que as uvas foram cultivadas. Devem ter teor alcoolico mínimo de 11,5% e podem envelhecer em barris ou em garrafa, conforme critérios de cada produtor.

A variante Aglianico del Vulture Superiore é a única DOCG de Basilicata e precisa envelhecer por três anos, sendo pelo menos um ano em recipiente de madeira e um ano em garrafa, com teor alcoolico mínimo de 13,0%.

Versões Riserva dos vinhos acima podem ser produzidas, sendo que estas precisam passar por no mínimo 2 anos de envelhecimento em madeira e serem liberadas para consumo somente após 5 anos. No caso da DOC, o teor alcoolico mínimo passa a ser de 12,5%.

Na região de Campania, a DOC Aglianico del Taburno mais ou menos espelha os critérios que definem a versão mais famosa de Basilicata. Já a variante tinta da DOC Falerno del Massico é predominantemente feita a partir de Aglianico e Piedirosso, com uma ocasional adição de Primitivo e Barbera. Por fim, a DOCG Taurasi está para a DOCG Chianti assim como a uva Aglianico está para a Sangiovese, visto que estes vinhos devem levar no mínimo 85% de Aglianico em sua composição. Os 15% restantes correspondem a variedades permitidas pela norma italiana, entre elas a própria Sangiovese.

Existem ainda no mercado italiano exemplares mais obscuros e sem qualificação DOC, como o Aglianico Dolce e o Aglianico di Filiano. Fora da Itália, a uva é cultivada principalmente na Califórnia e na Austrália.


Um pouco de história

A Vigneti del Vulture faz parte do grupo Farnese e está localizada na cidade de Acerenza, província de Potenza em Basilicata. Não consegui encontrar muita informação sobre sua origem, além do fato das variedades que mais se adaptaram ao solo da vinícola terem sido a tinta Aglianico e a branca Greco.

Outras vinícolas que hoje integram a Farnese, empresa cujas origens remontam ao século 16, são a Cantine Cellaro, Vigneti Zabù, Caldora, Vesevo e Vigneti del Salento. Da linha principal da Farnese fazem parte os vinhos da linha Fantini, nome que está sendo adotado internamente na Itália como o sétimo empreendimento dentro do grupo - inclusive substituindo o próprio nome Farnese nos rótulos. Na verdade, há muita confusão envolvendo os dois nomes, pois é possível ver muitas referências a Fantini-Farnese ou Farnese-Fantini.


Os vinhos da Vigneti del Vulture

São poucos, mas aparentemente bastante característicos. Além do Aglianico del Vulture que me inspirou a pesquisar e elaborar a postagem, fazem parte da linha Pipoli um rosé feito de Aglianico e um blend branco de Greco e Fiano, ambos IGPs. Já o Pipoli Zero Aglianico del Vulture DOC possui a distinção de não levar nada de dióxido de enxofre no processo de vinificação.

Completam o portfolio de tintos o Tufarello Puglia IGP 100% Nero di Troia (ou Uva di Troia) e o vinho top da vinícola Piano del Cerro Aglianico del Vulture DOC, que conta com maior tempo de envelhecimento em barricas que os outros DOCs.

O único outro branco produzido pela Vigneti del Vulture chama-se Sensuale e é feito a partir de uvas Moscato.


O vinho degustado: Vigneti del Vulture, Pipoli Aglianico del Vulture DOC 2013

Após os processos de colheita e fermentação, 60% do vinho repousa em tanques de aço inoxidável e 40% em barricas usadas por um período de dez meses. Segue-se um envelhecimento em garrafa de três meses antes do vinho ir ao mercado. O perfil resultante é o de um Aglianico que no nariz mostra-se rico em aromas de fruta madura, como ameixa e cassis, e como eu estava paciente com minha taça cheguei até mesmo a sentir nuances florais (morango?) enquanto o álcool evaporava e emanava névoas que lembram terra molhada.

Em boca foi encorpado, e se for para comparar com outras castas mais famosas eu diria que o paladar lembra uma mescla de Malbec e Syrah de acidez comedida, viscoso na medida certa e com uma pegada tânica que pode assustar de início. Nada como um bom descanso ali na taça mesmo para acalmar o néctar e fazê-lo entrar em equilíbrio (recomendo decantar), que foi de fato o que aconteceu.

Acho que não é à toa que alguns consideram o Aglianico del Vulture como o Barolo do sul da Itália. Mas quem sou eu para opinar sobre Barolo? Algum dia talvez eu possa emitir uma opinião mais consistente sobre essa comparação. A única coisa que sei por enquanto é que as garrafas de Aglianico são bem mais em conta que as de Nebbiolo!

No mais, harmonizei a primeira metade da garrafa com pizza e a segunda com comida japonesa quente, uma combinação um pouco arriscada que acabou funcionando.

Saúde!


Referências de pesquisa para este texto:
http://www.aglianicodelvulture.net
http://www.wine-searcher.com/regions-aglianico+del+vulture
http://www.curiouswines.ie/proddetail.php?prod=Farnese_Sangiovese
http://www.wine-searcher.com/grape-511-uva-di-troia

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