quinta-feira, 31 de março de 2016

Salentein, Outback Steakhouse White Selection Torrontés, Mendoza 2015 (Argentina)

Vinho: Outback Steakhouse White Selection Torrontés
Safra: 2015
Região: Mendoza / Valle de Uco
País: Argentina
Vinícola: Bodegas Salentein (www.bodegasalentein.com)


Em Junho de 2015 a rede de restaurantes Outback Steakhouse incluiu em sua carta dois rótulos desenvolvidos em parceria com a vinícola argentina Salentein, um tinto e um branco. O tinto, obviamente, para harmonizar com os famosos steaks da casa (blend de Malbec, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot). Já o branco, elaborado unicamente a partir de Torrontés, veio para combinar com os pratos de peixes e aves.

Durante nossas viagens, sempre que podemos damos um jeito de ir a um dos restaurantes Outback (infelizmente ainda não há filial em Cuiabá), e em nossa última visita pedi para me embalarem uma garrafa do White Selection Torrontés.

Vale lembrar que a Salentein não é estranha ao Outback, já que sempre marcou presença na carta de vinhos do restaurante com exemplares de sua linha Portillo.


Um pouco de história

A Bodegas Salentein faz parte de um grupo empresarial fundado em 1992 por um holandês chamado Mijndert Pon. Atualmente, a empresa também está envolvida na produção e na exportação de produtos oriundos de pecuária e agricultura, além de ter atividades no ramo hoteleiro tanto na Argentina quanto nos países baixos.

Dentro do mesmo grupo de produção vitivinícola, intitulado MP Wines, está inserida também a Bodegas Callia, que juntamente com a Salentein possui boa participação no mercado brasileiro.

Os parreirais da Salentein, assim como sua imponente sede, estão localizados no Vale do Uco, que fica na parte sul do distrito de Mendoza. A propriedade ocupa 2.000 hectares, dos quais 800 se dividem entre suas três “fincas”: San Pablo, La Pampa e El Oasis. Estas se situam numa das zonas mais altas da América do Sul, possuem as mais diversas condições de solo e elevação e são irrigadas com água proveniente do degelo dos Andes. Neste momento a idade dos vinhedos varia de 2 a 32 anos, distribuídos em 80% de variedades tintas e 20% de variedades brancas.


A Torrontés

Na primeira vez em que provei um vinho feito de Torrontés eu fiquei simplesmente maravilhado. Por muito tempo eu a considerei minha casta branca favorita, e hoje ela se reveza na posição juntamente com a Sauvignon Blanc e a Riesling.

Uva branca alçada a variedade emblemática da Argentina, a Torrontés descende da Moscato e, como tal, existe em múltiplas variantes que não chegam a ser declaradas nos rótulos (as três principais são a mendocina, a sanjuanina e a riojana). Ela é cultivada em praticamente todos os distritos argentinos, porém tende a produzir vinhos de perfil mais seco ao norte (Salta) e menos seco na região central (Mendoza). Independente de sua origem, todos são extremamente aromáticos. Atrevo-me a dizer que um Torrontés que não esbanja aromas é um Torrontés ruim.

Apesar de ser majoritariamente engarrafada como varietal, é possível encontrar a uva em blends. Já provei um corte de Torrontés/Chardonnay e vi por aí combinações com a Pinot Grigio, por exemplo. Há produtores que se arriscam até mesmo a desenvolver variantes Late Harvest com essa maravilhosa uva.

Quando se fala em vinho branco minha opinião é que a Torrontés é tiro certo para agradar a gregos e troianos, uma vez que os vinhos são jovens, sem passagem por madeira, extremamente frescos e com preço acessível. Se você quiser causar boa impressão em quem não bebe vinho branco, por exemplo, vá de Torrontés.


Os vinhos da Bodegas Salentein

De acordo com o material de divulgação de seu website, o objetivo da bodega é desenvolver e entregar vinhos de alta categoria, sempre pensando na preservação do meio ambiente e na sustentabilidade das comunidades vizinhas. A impressão que tenho da Salentein sempre foi muito boa, desde as garrafas de Malbec trazidas de presente por um colega de trabalho argentino até os dias atuais.

Portillo e a Killka são as linhas de entrada, abaixo da Salentein Reserve. Todos os rótulos são varietais. Com exceção dos poucos exemplares espumantes, todos os outros vinhos se enquadram na linha Luxury. Os rótulos Single Vineyard procuram trazer varietais de maior expressão, sendo o Numina um corte de suas melhores uvas. Já a marca ícone da vinícola é o Salentein Primus, sendo o Gran VU Blend o assemblage mais caro e trabalhado da bodega (VU significando Valle de Uco).

Observação: não é possível encontrar nenhum Torrontés dentro do portfolio exposto no site da Salentein, provavelmente porque o material de divulgação é destinado ao mercado externo. Vale ressaltar, no entanto, que a vinícola produz um Torrontés dentro da linha Killka.


O vinho degustado: Outback Steakhouse White Selection Torrontés 2015

O perfil aromático de um Torrontés é inconfundível, e esta garrafa não foi exceção.

Impossível não notar as esperadas nuances florais, aqui envoltas em características cítricas e aspectos frutados de pêra, maçã verde e lichia. A acidez equilibrada e a textura refrescante em boca se sucederam à suavidade adocicada, com uma instigante sensação de paladar que lembrou abacaxi e damasco.

Enfim, delicioso. Para beber no restaurante ou em casa, tanto faz. As harmonizações que o acompanharam foram bruschetta com manjericão fresco trazido da casa da minha irmã e sanduíche rápido de pão australiano.


Referências de pesquisa para este texto:
http://www.salentein.com/wines
http://www.mp-wines.com
http://www.wine-searcher.com/grape-939-torrontes

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